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Hospitais de SP têm falta de profissionais de saúde para UTIs, dizem médicos

covid 19

A falta de leitos nas unidades de terapia intensiva (UTIs) para atender o número crescente de pacientes com quadros de Covid-19 não é o único problema grave enfrentado pelos hospitais.

Médicos de instituições públicas e privadas de São Paulo ouvidos pela reportagem também relatam preocupação com a escassez de profissionais de saúde qualificados para atuar nas UTIs e contaram que estão reorganizando suas estruturas diariamente para lidar com o iminente colapso.

O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ligado à rede pública de saúde de São Paulo e referência na área, vem trabalhando no limite desde janeiro, segundo Jaques Sztajnbok, chefe da UTI do hospital. “Estamos com 100% de ocupação nos leitos de UTI, principalmente para pacientes de Covid-19. Hoje temos 50 leitos, a maioria para Covid-19, e serão abertos mais 10 leitos em espaços da enfermaria”, afirma.

Sztajnbok relata a crescente dificuldade para conseguir profissionais qualificados que atuem à frente dessa situação emergencial. “Estamos clamando por concurso público para preencher vagas na UTI do Emílio Ribas faz um ano. Mas não temos resposta do governo do Estado”, afirma Sztajnbok. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que no Instituto de Infectologia Emílio Ribas foram contratados 194 novos profissionais para expansão de leitos e atendimento aos casos graves de Covid-19 e que o número de médicos passou de 300 para 347, sendo que os 47 novos contratados foram exclusivamente para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Para entender a gravidade da situação, é preciso olhar as duas pontas da fila: a quantidade de leitos ocupados e a de pacientes que estão solicitando vagas. O Emílio Ribas já chegou a ter uma fila de 1.300 solicitações de vagas gerais. “Se 40% desses pacientes precisarem de UTI, são mais de 500 solicitações de vagas. Ou seja, disponibilizamos um leito, mas temos mais de 500 pacientes precisando dele. Para mim, isso já é um colapso.”

Sztajnbok diz que há um limite para o quanto se pode expandir a rede hospitalar. “Quando se fala em criar leitos de terapia intensiva, eu pergunto: ‘quem é que vai trabalhar nesses leitos?’ Apenas criar leitos não resolve o problema na ponta”, finaliza.

 

Fonte: r7

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