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Paródia ou reciclagem? Como a campanha eleitoral de 2020 virou um festival de hits reaproveitados

musica

A voz rasgada do gaúcho Baitaca já estremeceu duas vezes a campanha eleitoral gaúcha de 2020. Primeiro, a música “Do fundo da grota”, fenômeno que revitalizou a música “galponeira”, começou a pipocar em versões de jingles.

Depois, Baitaca surgiu de bombacha e chimarrão na mão avisando no Facebook: "Não gostaria de ver minha música em disputa politica!". Alguns desistiram de versionar “Do fundo da grota”, mas ainda se acha fácil no YouTube jingles com o som da discórdia.

O caso não é isolado: as eleições de 2020 no Brasil chegam cheias de melodias conhecidas e autores contrariados. De sucessos sertanejos a hits gringos, com destaque para o forró de pisadinha, ritmo do momento pelo interior do país, tudo vira jingle.

A prática é antiga, mas aumentou com um precedente: uma disputa entre Tiririca e Roberto Carlos. Ela começou em 2014, quando o clássico refrão "Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar" virou "Eu votei, de novo vou votar, Tiririca, Brasília é seu lugar".

Tiririca chegou a ser condenado em 1ª instância pelo uso da música “O portão” em propaganda eleitoral sem autorização dos autores, Roberto e Erasmo Carlos. Mas o deputado federal pelo PL recorreu e, no fim de 2019, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reverteu o resultado.

A decisão do STJ favorável a Tiririca diz que o uso alterado de canção em programa político deve ser considerado “paródia”, e por isso ser isento de autorização e de pagamento de direitos autorais.

A defesa de Roberto Carlos recorreu, mas não há nem data prevista para o julgamento do embargo de divergência, que questiona o conceito de paródia no caso.

 

Mercado aquecido

 

“Quando algum cliente fica na dúvida, eu pego e mando o link de notícia sobre o caso do Tiririca para tranquilizar”, diz Geycilene Martins, 39 anos, dona de uma produtora de jingles em Teixeira de Freitas (BA). Ela calcula que 90% de sua produção atual é de versões.

  • A demanda por versões em jingles, que eles chamam de paródia, aumentou em 2020. Todos comentam a brecha do caso Tiririca como incentivo para o aumento.
  • Elas são mais pedidas para campanhas de vereadores do que de prefeito, e mais para cidades menores que capitais.
  • Mas, em 2020, até grandes campanhas de prefeito estão encomendando jingles de versões.
  • O preço de um jingle varia bastante. Mas, em média, uma faixa “reciclada” custa menos da metade de uma música original.
  • A demanda por versões em jingles, que eles chamam de paródia, aumentou em 2020. Todos comentam a brecha do caso Tiririca como incentivo para o aumento.
  • Elas são mais pedidas para campanhas de vereadores do que de prefeito, e mais para cidades menores que capitais.
  • Mas, em 2020, até grandes campanhas de prefeito estão encomendando jingles de versões.
  • O preço de um jingle varia bastante. Mas, em média, uma faixa “reciclada” custa menos da metade de uma música original.

 

Fonte: r7

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